Entrevista com Viviane Maurey - SOUTH LAKE TAHOE - CALIFÓRNIA, EUA

13 de abril de 2010
Viviane Maurey conta nessa entrevista sua experiência em uma estação de ski nos Estados Unidos, onde fez um programa de intercâmbio de trabalho (Work & Travel). Ela morou por 4 meses em um quarto de hotel com outras 4 meninas, e trabalhou, entre outras coisas, como caixa de um restaurante dentro da montanha. Viviane acredita que o mais difícil do programa foi a readaptação na volta ao Brasil.


Por que você optou pelo Work & Travel (programa de intercâmbio de trabalho nos Estados Unidos para estudantes universitários)?

Com a minha idade já não era possível fazer o High School e meu inglês já era razoavelmente bom, então decidi trabalhar no exterior. Assim poderia praticar o inglês até alcançar a fluência, além de experimentar viver outra cultura pelo máximo de tempo que me fosse possível. Além de tudo isso, era o programa mais barato da agência, acredito eu. Apesar de não ter pensado nisso no início ou não ter sido uma causa para eu ter decidido fazer o intercâmbio, acrescentar uns pontos no meu currículo também será válido na minha profissão.


Por que você optou pelos Estados Unidos?

Na verdade, se fosse uma questão de escolha, eu teria ido para a Nova Zelândia. Mas como minha mãe e meu irmão já haviam feito intercâmbio nos EUA, e o programa oferece trabalho somente nos EUA, eu decidi que seria melhor experimentar lá primeiro. Futuramente pretendo expandir meus horizontes em outros lugares. De qualquer forma, eu sempre quis morar um tempo nos EUA, desde pequena.


Por que South Lake Tahoe?

Sinceramente, não foi uma escolha. Era a cidade do empregador da feira que estava por vir e eu caí de pára-quedas. O que agradeço muito, pois nem sempre quando a gente escolhe, a gente acerta.


Durante o seu intercâmbio, o que mais te impressionou positivamente?

A amizade que os americanos mostraram para comigo. É claro que varia muito de pessoa para pessoa, afinal, a nossa reação é que diz muito as amizades que vamos ou não vamos fazer. Mas de qualquer forma, no geral, adorei todos os americanos que conheci, fiz muitos amigos e pretendo manter as amizades pelo tempo que me for possível.


E o que mais te impressionou negativamente?

A dificuldade ou a diferença da cultura em relação à comida. Como foi difícil encontrar coisas para comer de maneira “fácil” que não fosse cheeseburger ou batata-frita. Um salgado, uma salada, um restaurante a quilo... Nada. Lá se come muito mal. Isso não tem como negar.


O que você sentiu mais falta do Brasil durante o seu intercâmbio?

Meu namorado, sem dúvida. O que me levou a sentir falta de várias outras coisas relacionadas...


O que você sentiu mais falta do seu intercâmbio, quando voltou ao Brasil?

O frio, a montanha, a rotina, o inglês...


Qual foi o momento mais inesquecível da sua viagem?

É difícil dizer apenas um, foram vários momentos inesquecíveis. Aliás, a viagem inteira foi inesquecível.

Mas, se tem uma coisa que é impossível esquecer, é o pôr-do-sol da montanha que eu via todos os dias enquanto descia o lift (teleférico) após um longo dia de trabalho. Poder ver aquilo sempre... Posso dizer que me considero uma pessoa de muita sorte.


E o momento que você gostaria de esquecer?

Da viagem em si, nenhum. Mas, sem brincadeira, gostaria de esquecer o empréstimo que fiz para poder viajar...


Como foi a sua rotina no intercâmbio? O quanto ela é diferente da sua rotina do Brasil?

Sem contar com as exceções, dos dias de folga, início ou fim da viagem... Acordava todos os dias às 7hs. Ia para o trabalho às 8hs e tinha que estar no restaurante que ficava lá em cima na montanha às 9hs (Veja o vídeo: A caminho do trabalho).

Era paga para fazer snowboard todos os dias. No primeiro mês trabalhei como General Services fazendo de tudo um pouco; carregando peso, limpando banheiro, arrumando o restaurante, ou seja, fazendo as coisas funcionarem como deviam.

Do segundo mês em diante trabalhei como caixa, o que pra mim foi muito melhor, pois já tinha experiência nisso e podia ficar mais tempo dentro do restaurante. Isso era maravilhoso, pois não pegava muita neve, nem frio e tinha mais contato com as pessoas, seja cliente ou funcionário. Quando o dia terminava, descia a montanha, via o pôr-do-sol e voltava para a casa de ônibus.

Às vezes comia em casa vendo TV ou e-mails, e às vezes comia fora com os brasileiros ou sozinha. O fim da tarde era sempre diferente; ou saía para passear ou ficava em casa descansando. Brasileiro gosta de fazer festa e no meu quarto tinha festa quase o tempo inteiro. Quando não estava no humor adequado, ia dormir mesmo com a festa rolando (Risos).

No Brasil, a rotina era completamente outra apesar das semelhanças com os horários. As obrigações são diferentes. Dentro de casa tudo muda. A liberdade e privacidade que acaba a partir do momento que se mora com várias outras pessoas num mesmo quarto, enfim... Nada era igual.


A adaptação foi fácil ou difícil? Qual o conselho que você pode dar para quem está indo para South Lake Tahoe para ajudar na adaptação?

A adaptação foi muito tranquila. Acho difícil alguém ter dificuldade, quando se vive uma novidade por dia. O mais difícil, na verdade, é voltar para casa. A readaptação é que rege o problema. Voltar para o Brasil e sentir essa diferença de culturas, do sistema que não funciona, das ruas sujas, do português sendo ouvido o tempo todo e não mais o inglês, de rever as pessoas...

Um conselho para quem vai para South Lake Tahoe, pretende ficar hospedado perto dos cassinos e gosta de sair à noite para as festas: Não vá para lá se for menor de 21 anos. Se quiser ir mesmo assim, saiba que não vai ser fácil entrar nas boates, nem ver os amigos indo e te deixando para trás.


Talvez a maior vantagem de fazer um intercâmbio, é o quanto que ele muda a cabeça e forma de pensar do intercambista. Qual foi a maior lição que você tirou dessa experiência?

Que nem sempre a gente sabe o que a gente faria ou não faria até a oportunidade aparecer. São nesses momentos em que o chavão “Nunca diga nunca” se encaixa mais do que perfeito. Um intercâmbio te leva para um canto da mente que ilumina partes antes desconhecidas. Aprendi muito comigo mesma durante esses 4 meses em que estive fora.


Como você encontrou a sua moradia?

Morei com 4 meninas, sendo que 3 delas eram returnees e haviam ficado neste hotel (Tahoe Villa North Lodge). Indicaram como sendo o melhor e mais confiável. Não pensamos duas vezes. Resolvemos ir para lá onde elas já conheciam tudo (Veja o vídeo: Quarto 107).


Como é feito o transporte em South Lake Tahoe? O transporte público funciona bem? Quanto custa em média? É limpo e organizado?

O transporte para a montanha era gratuito. O ônibus passava em horários marcados, quase sempre atrasados ou adiantados, mas no geral sempre perto do mesmo horário.

Os ônibus para a cidade, para o centro e para os outros lugares também respeitavam os horários à sua maneira e tinham números para serem diferenciados. U$2 a passagem de ida, U$5 o passe diário e havia a possibilidade de comprar o passe mensal, que não valia muito a pena já que usava ônibus comum muito raramente. No mais, os transportes eram bem limpos e organizados na parte interior. Já do lado externo, estavam sempre sujos de poeira e neve escura.


Quais são os seus programas preferidos em South Lake Tahoe?

Snowboard é claro. Brincar na neve... Aprendi a gostar da Cabo Wabo, uma boate que rolava quase todos os dias, mas a noite principal era domingo quando faziam a International Night (que antigamente era Brazilians Night). Sair com o pessoal do meu trabalho. Era sempre surpreendente.


Quais são os melhores bares e boates da cidade? O que tem de bom para se fazer a noite?

Sempre tem pelo menos uma boate dentro dos cassinos que vale a pena. Dentro do Harra’s/Harvey’s era a Cabo Wabo ou a Vex. No Mont Bleu tinha a Blu e a Opal, no Horizon tinha o cinema e de vez em quando Karaoke com bar e sinuca ao lado... Tinha um PUB com sinuca interessante, mas com preços muito salgados, o boliche da cidade e, é claro, as festas dos estrangeiros que rolavam nas casas alheias.


Quando você comia na rua, qual era o seu lugar preferido para fazer um lanche ou comer algo não muito caro?

Sem dúvida alguma, Apple Bees. No happy hour, eles vendiam appetizers por apenas U$4 e bebidas a U$2. Comia bastante pelo melhor preço.


Quais são os melhores lugares para fazer compras em South Lake Tahoe? Roupas, eletrônicos, música/dvd, souvenires.

Achei roupas bem legais e baratas na Ross e Staples. Não tem muitos outlets, só alguns, dentre eles da Adidas. Maquiagem e outras coisas legais para mulher na CVC Pharmacy. Eletrônico só dava para se divertir um pouquinho na Radio Shack e nem era tão boa. O ideal seria ir para a cidade vizinha Carson City e passar na Best Buy. Souvenir dá para achar em tudo quanto é canto, mas tudo em South Lake Tahoe é bem carinho para esse tipo de coisa. Achei só uma loja de Souvenir por U$0,99 que não era grande coisa.


Quem for a South Lake Tahoe, não pode deixar de...

Fazer snowboard. Subir na Gôndola e ver a paisagem. Dá para ver a cidade inteira lá de cima. Visitar os cassinos. Visitar o lago à noite e ver as estrelas. Beber Corona gelada com limão no Deck do restaurante Sky Deck lá em cima da montanha de Heavenly, pegando Sol em volta de toda aquela neve...

Vídeos da Viviane fazendo snowboard:

http://www.facebook.com/video/video.php?v=1354052972261
http://www.facebook.com/video/video.php?v=1332832681767

5 comentários:

Vivi Maurey disse...

É... parece que tudo não passou de um sonho. Como eu sinto falta daquele lugar. :) Brigada pela entrevista! Beijão!

Nany disse...

Caramba, que linda essa viagem..dá um apertin no coração em saber que um dia vou estar sentindo as mesmas coisas que as pessoas sentem quando fazem um intercâmbio, alegria, euforia, saudade, carência,...quero passar por tudo que eu tenho direito, menos as negativas é claro...
Parabéns Vivi pela história que você viveu, espero que tenha muitos e muitos momentos felizes assim..e parabéns Lopes pela entrevista e pelo blog.
Beijos :)

Thomas Delenga disse...

Olá Renato, tentei encontrar um e-mail pra contato mas não consegui.
Primeiramente, Parabéns pelo seu Blog!
Segundo, tenho algumas dúvidas, poderia por gentileza responde-las:
1) Quando vc fez o Work Experience, como que foi em relação a faculdade, perdeu muita coisa, trancou, como vc fez, pois eu vi que em uma temporada vc ficou até abril. Como que vc fez?
2)Cara, não posso trabalhar aos sabados pois sou Adventista, será que consigo arrumar emprego lá?
3) Que data é recomendável sair?
4) Você trouxe dinheiro de lá, conseguiu cobrir a viagem?

Abraço cara,
thomasdelenga@gmail.com

jose victor disse...

parabens pelo blog! tirei varias duvidas com seus posts, passei uma tarde inteiro lendo ele, mt abrangente e com todas as dicas que agt precisa.

tenho somente uma duvida, para alugar carro nos EUA, precisa de habilitaçao internacional? ou a nacional vale?

qual seu email para contato?
segue o meu:
mendesvictor6@gmail.com

Ciano disse...

Oi Renato, estou escrevendo um livro que se passa na Califórnia, Posso encontrar muitas informações técnicas na internet para me ajudar, mas não a nada como a opinião de quem realmente esteve lá não é mesmo?
Bem se tiver disponibilidade por favor eu queria poder trocar alguns emails com você para ter uma noção melhor de como é a Califórnia... Bem, pra começar queria saber mais sobre os "guetos" da Califórnia, os bairros mais pobres, por que é lá onde meus personagens moram, melhor ainda se for próximo a uma praia, aliás, tem bastante surf na Califórnia? É verdade essa história dos morangos da Califórnia serem muito bons? Como é a rotina aí, os hábitos alimentares? a educação? o jeito que as pessoas te trataram? Ia gostar muito se você pudesse me responder, desde já agradeço

Atenciosamente Lucas Luciano

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