TEMPORADA DE 2006/2007
Antes do Embarque
Eu e Natasha (minha namorada na ocasião, hoje minha noiva) gostamos tanto do nosso primeiro intercâmbio (ver em marcadores Steamboat Springs), que resolvemos ir pela segunda vez.
Na ocasião meu pai pagou por metade do programa e eu arquei com o resto. Mas dessa vez seria por minha conta, e eu teria que ter o dinheiro para pagar pelo programa inteiro. Fui então juntando dinheiro ao longo do ano, que foi suficiente para dar entrada no programa. O resto eu parcelei para pagar com o próprio dinheiro que eu ganharia trabalhando no intercâmbio.
Para evitar muitos dos problemas que tivemos no nosso primeiro intercâmbio, resolvemos ir de Self Placement. Assim não teríamos nenhum vínculo com o nosso empregador, e poderíamos mudar de emprego quando quiséssemos.
Partimos então em busca do local que iríamos trabalhar e morar. A gente sabia que queria voltar para uma estação de ski, devido principalmente ao snowboard.
A gente gostou muito de Steamboat Springs, mas a idéia era conhecer um lugar novo. Começamos então a pesquisar na internet pelas estações mais badaladas, onde houvesse bastante emprego, e fossem mais bem remuneradas.
A idéia inicial era ir para Aspen, que a Natasha sempre sonhou em conhecer. No entanto, logo descobrimos que conseguir moradia em Aspen seria muito difícil, e resolvemos dessa forma abrir nossos horizontes.
Comecei a pesquisar sobre todas as estações de ski. E além de Aspen, as que mais gostei foram Park City e Vail. Só que essas 2 estações também são muito difíceis de se conseguir moradia. Então resolvi procurar por housing nas 3, e a primeira que conseguisse seria o meu destino.
Aos poucos fui descobrindo vários amigos que estavam indo para Park City, e por esse motivo comecei a achar mais fácil procurar por moradia para lá.
A procura por Housing do Brasil
O conselho que me deram era de nunca sair do Brasil sem ter a minha moradia garantida.
Por último, abri uma conta no Skype para ligar para os donos das casas. Assim passa mais confiança a eles um contato por telefone, ao invés do e-mail.
Fiz diversos contatos com possíveis casas para alugar. Foram diversas trocas de e-mail e algumas ligações, mas nada de concreto me aparecia. Até consegui achar casa, mas ou era muito cara, ou era em Heber, que já tinha ouvido relato de que não vale a pena morar lá.
Algumas pessoas também exigiam 6 meses de contrato, o que elevava em muito o aluguel, já que só ficaria 3 meses e meio.
Foi essa procura por quase 3 meses. Fizemos inclusive uma reunião na casa de um dos meus amigos, para traçar planos de como conseguir casa, pois a gente já tava começando a ficar preocupado.
Acabou que para a minha sorte, uma amiga minha (Nina) conseguiu moradia para ela e as amigas dela, e me indicou para a dona da casa, que tinha outras casas para alugar.
Fizemos contato com ela, que se chamava Janeen e parecia ser muito simpática. Ela aceitou alugar a casa para a gente. Só exigiu que fizéssemos um depósito de U$ 600 (U$ 100 por pessoa) referentes ao Security Deposit, para garantir a casa.
Resolvido o problema da moradia, só faltava embarcar, e conseguir o nosso emprego ao chegar lá!
O embarque e a chegada
A Janeen tinha ficado de ir nos buscar no aeroporto, mas ficamos com medo dela não estar lá por conta desse atraso. Mas para nossa sorte, ela se informou no aeroporto, descobriu que a gente tinha pegado um outro vôo e ficou nos esperando.
A viagem de carro foi rápida, não se leva nem 30 minutos entre Salt Lake City e Park City. Chegando em Park City, como estava cedo ainda, a Janeen fez a gentileza de nos levar para conhecer um pouquinho da cidade.
Primeiro ela nos levou para comer no Burger King. Lá já encontramos com os primeiros brasileiros na cidade, que não tinham moradia e estavam desesperados, pois não teriam onde dormir. A Janeen mais uma vez foi simpática e levou eles até um hotel pra passarem a noite, e ficou de tentar arranjar uma casa para eles no mesmo condomínio onde eu moraria.
Como começou a ficar tarde, ela resolveu finalmente nos levar até a nossa casa.
O housing provisório
A Janeen nos levou até o nosso housing provisório. Ela explicou, a casa onde iríamos morar não estava liberada ainda. É que eu e Natasha resolvemos ir mais cedo do que o acordado, e pegou ela de surpresa (a gente ligou pra avisar, mas mesmo assim ela não conseguiu a nossa casa a tempo). Então ela nos colocou em uma casa que ficariam uns chilenos, até a nossa casa ser liberada.
Essa moradia provisória ficava no mesmo condomínio onde seria a nossa casa, só era em outro bloco.
Ficamos nessa casa por menos de 2 semanas. Nesse tempo só estavam lá eu e a Natasha. Os nossos roommates chegaram no dia seguinte da nossa mudança.
Quer dizer, nesse tempo, 2 amigos meus ficaram nessa casa de favor, pois a moradia deles ainda não estava disponível. Eles ainda estavam morando com a gente, quando a Janeen nos ligou do nada, dizendo que estava indo lá na nossa casa nos ajudar na mudança. Foi assim de repente. Tivemos que esconder eles. Ainda bem que não estava muito frio, pois eles ficaram o dia inteiro escondidos na rua, esperando a mudança acontecer. No mesmo dia, no fim do dia, eles foram para a casa deles.
O housing definitivo
Quando chegamos na casa, entendemos o porque que ficamos no outro apartamento por 2 semanas. A Janeen e o Jay (marido dela) tinham acabado de comprar essa casa do antigo morador. A casa não tinha nem mobília ainda.
O apartamento estava completamente vazio. Eles prometeram que isso era temporário, que iam montar a casa toda em 2 ou 3 dias. No mesmo dia, ele levou a nossa cama, e mais alguns itens de cozinha.
No dia seguinte chegou o Lucas, e enfim o Jay levou o contrato da casa pra gente assinar. Na mesma hora também pagamos o aluguel, que era de U$ 250 /mês, já com as utilities (gás, luz e água) incluídas.
Na hora de ler o contrato, começamos a perceber que o casal de “simpáticos senhores”, não eram exatamente o que aparentavam. O contrato tinha várias páginas, e era cheio de regras. Por exemplo, pelo contrato a gente não podia consumir bebida alcoólica dentro da casa (sempre que eles iam à nossa casa recolher o aluguel, a gente tinha que esconder a bebida). Também não podia fazer festas, nenhuma visita poderia dormir lá, e se as contas viessem muito altas eles poderiam cobrar. Por último, tinha uma cláusula que eles poderiam mudar o contrato a qualquer momento!
Por uma semana e meia eles ficaram indo na nossa casa, terminando de colocar as mobílias. A gente inclusive precisou ajudar por diversas vezes eles a montar a nossa casa. Mas depois que a casa ficou pronta, ela até que era muito boa.
O Jay e a Janeen
Eles foram os personagens da viagem. Além do contrato abusivo, fizeram diversas falcatruas.
Primeiro de tudo, a história dos brasileiros que a Janeen “simpaticamente” levou em um hotel e ficou de procurar moradia para eles. Ela conseguiu uma casa pra eles. Mas ela arranjou outros brasileiros pra morar com eles, e fizeram-nos morar em 9, numa casa de um quarto. Detalhe: pagando U$ 350 /mês.
Aliás, quando eles perceberam que estavam “perdendo dinheiro” com a gente, tentou nos forçar a colocar mais gente na casa. O Jay vinha toda hora pra cima da gente, dizendo que a gente tinha que ser solidário com os pobres brasileiros desabrigados, e que deveríamos colocar mais 2 pessoas na casa. Eu disse que tudo bem se isso decrescesse do preço do aluguel. Mas ele disse que não, o preço era por pessoa e não mudaria. Espertinho. Ele não estava com dó de ninguém, só queria lucrar mais.
Um belo dia ele foi à nossa casa, e disse que ia colocar mais 2 pessoas nela na semana seguinte e pronto. Que isso era inegociável. Batemos o pé, e dissemos que isso não ia acontecer. Que a gente ia barrar eles na porta. Então ele pegou o nosso contrato, e botou a gente para ler a cláusula de que ele poderia mudar o contrato a qualquer momento.
A cláusula era o seguinte: dizia que se tivesse um motivo, ele poderia mudar o contrato a qualquer momento, desde que nos avisasse com 2 semanas de antecedência. O motivo ele alegava ser os pobres brasileiros desabrigados.
Eu fiquei com tanta raiva dele, que comecei a chamar ele de bandido, safado, cafajeste, aproveitador... Fiquei descontrolado. Falei que ele era um pilantra que só queria ganhar o dinheiro dessas pessoas. Que não tinha pena de ninguém, só queria era ganhar em cima, se dar bem, e que ele não passava de um vagabundo! Hahahaha! Eu fiquei totalmente descontrolado com essa safadeza dele. Ele ficou tão vermelho, mas tão vermelho... Deu uma pancada na mesa, e saiu gritando que a gente tinha 2 semanas pra aceitar colocar essas pessoas a mais, ou teríamos que ir embora.
Quando ele foi embora a gente começou a pensar no que ia fazer, pensamos até em chamar um advogado. Ficamos preocupados, pois não íamos mais ter onde morar, e em Park City arrumar casa é MUITO complicado. Não deu nem 2 horas, e o Jay nos ligou. Dizendo que tinha conversado com a esposa dele, e que tinha mudado de idéia. Que a gente não precisava mais colocar mais ninguém na nossa casa.
Além disso tudo, tivemos diversos outros problemas com eles, e por isso, se você ouvir falar nesses nomes, corra!
Housing em Park City – Dicas
Ou seja, a cidade tem 3 grandes estações, e nenhum housing para os employers. Aí é só imaginar o que são milhares de seasonal workers tendo que arranjar casa pra morar, numa cidade de menos de 10.000 habitantes.
Por isso, o meu grande conselho, é tentar ao máximo arranjar moradia desde o Brasil. Três bons sites pra procurar por moradia são o The Park Record, que tem um classificado com as casas disponíveis para aluguel, o Park City Lodging, e o All Seasons Resort Lodging. Fora isso, valem as dicas que eu dei nos meus posts sobre Housing.
O housing em Park City costuma ser bem caro, em torno de U$ 350 /mês, devido a essa tremenda escassez de moradia!
Mais abaixo vou falar sobre toda a cidade, e vou relatar os melhores lugares para se morar.
O transporte
3 comentários:
Renato! Não vou para PC, no entanto estou lendo praticamente todo o seu blog que além de ser muito rico em dicas para um "First W.E.", é super interessante. Sua escrita prende nossa atenção.
ENfim, estou aqui somente para te incentivar e te parabenizar pelo blog. Uma vez que vi que não tem comentários, pelo menos neste post.
abc
Ol'a Renato
Essa eh minha segunda temporada em Park City e em nenhuma das vezes tive problemas com landlords. A primeira vez encontrei o Mark, com quem aluguei uma casa no The Canyons the 3 suites por 310/pessoa, incluindo utilities. Porem, moramos em 13. Dessa vez encontrei no Craiglist um apto de 2 quartos, completo, inclusive com wireless na Park Avenue, posso caminhar da Main Street pra casa. A questao de contrato: acho que foi MUITO vacilo de voces nao terem visto esse contrato antes. SEMPRE recebam o contrato e s'o formalizem apos lerem cuidadosamente. Moradia em PC nao eh tao desesperador assim se procurar com antecedencia. Fechei meu atual contrato em Agosto, comecei a procura em Marco. E ainda, deve-se tomar cuidado com a localizacao das casas. Muitas pessoas acabam trabalhando em restaurantes da Main Street de onde s'o saem onibus para as areas mais afastadas ateh as 23h. Portanto, morar tao longe pode ser um grave empecilho, Powderwood eh MUITO longe de tudo. Dar uma olhada no Google Maps e procurar casas mais proximas vale a pena. Morar no centro eh impagavel.
Abracos,
Josiane,
Eu já fiz o Work 2 vezes também, e na outra temporada morei em 3 casas, em nenhuma delas tive problemas com contrato.
No entanto nessa tive. Acontece, dei o azar de pegar 2 landlords que eram safados.
A gente leu o contrato com muito cuidado antes de assinar, chegamos a questionar algumas clausulas, mas eles foram irredutíveis, dizendo que não iriam mudar nada.
Naquela altura do campeonato, não tinha muito o que fazer. Fui em uma temporada que foi MUITO complicado conseguir moradia, vi muita gente morando na casa dos outros (inclusive na minha) de favor, por falta de opções.
Então nos vimos obrigados a aceitar os termos deles, por falta de opção. Mesmo assim não achamos que eles fossem tentar usar o contrato contra a gente, e tentaram. Mas fomos firmes, e eles mudaram de idéia.
Moradia em PC realmente não é tão desesperador se fechar com antecedência, que foi o que fizemos, fechamos o contrato em setembro.
A parte do contrato a gente só viu lá mesmo... isso foi porque não era eu quem estava lidando com os landlords, ou eu teria exigido o contrato com antecedência.
Deve-se mesmo tomar cuidado com a localização das casas, coisa que eu alerto bem nos meus posts.
Pra mim, morar em Powderwood foi ótimo. Meus 2 empregos eram próximos, além dos supermercados, Wal-Mart, biblioteca e Outlet ficarem tudo muito próximos.
O centro só servia pra mim, para ir para as festas, o que podia ser feito facilmente de táxi.
Portanto na verdade pra mim foi melhor morar lá do que no centro.
Powderwood, Crestview, etc, não ficam MUITO longe de tudo. Tem tudo que você precisa na Kimball Junction, então na verdade isso só depende da onde você for trabalhar.
Dependendo da onde você trabalhe, é mil vezes melhor morar na Kimball do que na boca do The Canyons, pois na Kimball tem tudo que você precisa (supermercado, restaurante, biblioteca, etc) podendo ir a pé.
No entanto, eu sei que tem muita gente que prefere morar no centro.
Caso você trabalhe no centro, realmente fica cansativa a jornada Centro - Kimball.
Mas isso eu explico bem nos meus 2 outros posts, não sei se você leu.
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